No último
dia 11/07/2018 como atividade de reposição da greve eu e a professora de
história Cida percorremos com 13
estudantes dos sextos anos as ruas do distrito do Jaraguá num segundo roteiro do
Projeto Território Jaraguá[1].
Partimos da EMEF Estação Jaraguá, passando pelo centro do distrito até o Bosque
Francisco Bazzin, também conhecido como Buracão pelos moradores da região.
Segue abaixo dois mapas e uma foto de satélite com os pontos visitados:
Segue agora uma descrição de cada ponto de interesse visitado.
A linha amarela demonstra o caminho percorrido. Segue link do mapa no Google Maps Território Jaraguá |
1.
Estação Jaraguá
Nossa primeira parada
se deu na entrada sentido bairro da Estação Jaraguá, na qual visualizamos a
necessidade de atualização do mapa de coordenadas alfanuméricas da estação,
pois ele não contém a EMEF Estação Jaraguá. Ou seja, nossa escola literalmente
não está no mapa :/ . Vamos providenciar uma carta ou email a ser enviada a
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para que procedam com a devida
atualização.
Nesse mesmo
ponto aproveitamos para comentar sobre a história da linha de trem que cruza
nosso distrito. A atual linha sete Rubi, que hoje transporta passageiros, foi
durante muito tempo local de escoamento do principal produto de exportação
brasileiro no século XX: o café. A antiga São Paulo Railwail ou Estrada de
Ferro Santos Jundiaí – EFSJ teve essa importância fundamental na economia
cafeeira. Assim sendo, a professora Cida aproveitou o local para apontar as
características diferenciadas da arquitetura tombada da Estação Jaraguá, as
mesmas que podemos ver de forma mais ostentosa na estação da Luz, marca
desse período da economia cafeeira e da forte influência inglesa em nosso país.
Mapa dos arredores necessita de atualização |
2.
Viaduto
Jaraguá e a transformação do espaço geográfico
A jovem na foto a esquerda infelizmente morreu atropelada por um caminhão em frente dessa calçada no ano de 2005. Dedicamos este segundo roteiro a sua memória. O viaduto só venho a ser inaugurado em 2009 após 40 anos de promessas e atrasos.Segue o link das reportagens feitas pelo SPTV sobre o viaduto: Viaduto sobre linha de trem acaba com problema de atropelamento em Jaraguá Viaduto muda vida dos moradores de Jaraguá |
Preparando os lambe lambes |
Escrevendo - Território Jaraguá - Sextos anos - EMEF Estação Jaraguá - Geo e His. |
Dialogando com as alunas sobre a transformação do espaço geográfico efetivada pela construção do viaduto |
3.
Bica
d água Rua Lavrinha
A próxima parada
foi na rua Lavrinha, onde fizemos uma nova intervenção colando na parede um desenho feito pela
professora Cida que nos lembra um fato importante: neste local até meados da
década de 90 existia uma bica dágua! :o. Com a crescente urbanização do distrito
e seus consequentes impactos ambientais ela acabou sendo fechada.
Marcando um ponto de memória com o lindo desenho da professora Cida representando uma bica d´água |
Comentando com os estudantes sobre a antiga bica d'água |
4.
Casa mais antiga de alvenaria
Seguimos pela
Avenida Jerimanduba parando em frente de uma floricultura. Ela está localizada
naquela que é reconhecida como a primeira casa de alvenaria do Jaraguá. Segue nesse link uma reportagem sobre a história da casa:
Primeira casa de alvenaria do Jaraguá sobrevive ao tempo e ultrapassa os 100 anos
Primeira casa de alvenaria do Jaraguá sobrevive ao tempo e ultrapassa os 100 anos
5.
Escola
Estadual Prof° Isabel Vieira de Serpa e Paiva
Um pouco a
frente temos um importante equipamento público: a Escola Estadual Professora
Isabel Vieira de Serpa e Paiva, simplesmente a primeira escola pública do
Jaraguá ! :D. Ela foi inaugurada em 1956 pelo então governador Jânio Quadros.
Nosso distrito
conta com 65 escolas públicas. É possível que a nossa EMEF Estação Jaraguá seja
uma das mais recentes da região, pois foi inaugurada em 2011. Discutimos com os
estudantes essas informações.
Segue link que fala sobre a história da EE Professora Isabel Vieira de Serpa e Paiva Bairro Jaraguá sai de 0 para mais de 130 escolas nos últimos 70 anos |
6.
A praça e a violência no Brasil
Seguindo a
caminhada paramos na bonita praça José Alves Pereira no ponto final do ônibus Cidade
D’ Abril. Mas aqui infelizmente a cerca de dez anos ocorreu uma chacina na
qual 10 pessoas foram assassinadas. Comentamos com os estudantes este triste
fato que demonstra aquilo que as estatísticas apontam: o Brasil é um país que
mata. Segundo o dado mais recente em
2016 foram assassinadas 62.500 pessoas
em nosso país. Apontamos para os estudantes a necessidade de se ampliar a
investigação, pois de cada 10 homicídios apenas 2 são solucionados, o que só
contribui para a impunidade e banalização da violência em nosso país.
Conversando sobre a violência no Brasil. Essa reportagem do jornal Nexo traz importantes informações sobre esse tema: https://www.nexojornal.com.br/especial/2018/04/12/Um-pa%C3%ADs-que-mata |
7.
Parque
Alcides Motta –Bosque Francisco Bazzin – Buracão
Diz a lenda que
no fim do arco íris existe um pote de ouro. E no fim do nosso trajeto esse pote
de ouro é o Bosque Francisco Bazzin :D. Atualmente
este local foi transformado pela prefeitura no Parque Alcides Motta, após pressão
dos moradores.
Também conhecido
como Bosque Francisco Bazzin, o popular Buracão era isso mesmo. Um enorme
buraco. Os moradores do lugar se mobilizaram, aterrando esse local com a
utilização de cerca de 1400 caminhões de terra. Construíram uma pista de
caminhada e depois de muita pressão nas autoridades conseguiram transformar
esse espaço em um parque. Aliás curiosamente nesse dia ocorria uma manutenção
no local por trabalhadores a serviço da prefeitura. Mas mesmo assim ainda conseguimos lanchar, brincar, caminhar e jogar bola nesse belo lugar.
Selfie do parque. Pra não perder o costume :D |
Neste link podemos conhecer a história do Bosque Francisco Bazzin - Parque Alcides Motta- Buracão :Bosque Francisco Bazin será revitalizado |
Selfie do banco. Um clássico. Cadê o João ??? :O |
8 Dandara-Quilombo dos Palmares- Escravidão
É hora do
retorno, mas ainda temos questões a tratar. Paramos com os estudantes em frente
de um grafite na rua Dianora que homenageia a líder quilombola Dandara. Mulher e
negra, essa importante figura histórica de nosso país é um símbolo de
resistência a grande perversidade que estruturou a colonização portuguesa no
Brasil: a escravidão!
Ela liderou o
famoso Quilombo de Palmares, que resistiu por cerca de 100 anos aos ataques do
exército a serviço da coroa. Hoje esse passado escravocrata, de submissão da
população negra está bem refletido nas estatísticas e no racismo que permeia
muitas das relações sociais e institucionais desse país. Conhecer figuras de
resistência a escravidão como Dandara é um caminho a se seguir para que se
reconheça esse problema, um grande passo para o encaminhamento de soluções que
tornem a todos cidadãos plenos de verdade, com acesso a seus direitos
historicamente negados.
Segue link com o clip da música Dandara da cantora Vanessa Borges em homenagem à líder quilombola. Dandara |
9.
Favela
dos Marreteiros – Moradia precária-déficit habitacional
Já próximos do
final de nossa saída pedagógica, tivemos a oportunidade de comentar com os estudantes outro grave problema
que atinge nosso país: o imenso déficit habitacional. Cerca de 6 milhões de
brasileiros não tem acesso a uma moradia digna, vivendo em condições precárias
em favelas, cortiços, áreas de risco, etc. A paisagem do Jaraguá é bem marcante
nisto com a Favela dos Marreteiros crescendo bem do lado da sua possível
solução: prédios da Cohab praticamente prontos ainda não inaugurados pelo
governo do Estado.
10 Feira Livre
Segue reportagem com alguns gráficos que tratam do tema do déficit habitacional brasileiro O déficit habitacional no Brasil em 4 gráficos |
Do lado esquerdo da imagem os prédios da Cohab ainda não inaugurados pelo Governo do Estado. Do lado direito os barracos de madeira da Favela dos Marreteiros. |
10 Feira Livre
Bem por fim retornamos
pela rua Dr Rafael de Araújo Ribeiro passando novamente pela rua Lavrinha onde
lembramos outro fato importante que ocorre toda sexta feira nesse lugar: uma feira
livre, importante evento da economia popular.
Placa indicando o dia e horário da feira livre da rua Lavrinha. |
Por fim, paramos
novamente na intervenção com lambe lambe para um pequeno resumo de tudo que foi
visto e discutido nesta segunda parte do Projeto Território Jaraguá, retornando
com tranquilidade a EMEF Estação Jaraguá.
Participaram da saída pedagógica as (os) seguintes estudantes :
Participaram da saída pedagógica as (os) seguintes estudantes :
1 Ana Laura Siqueira Fortunato – 6°
ano B
2 Bianca Oliveira Batista -6° ano
B
3 Diana Thayna Rodrigues – 6° ano
B
4 Emilly Santana Souza – 6° ano B
5 Fabrício de Oliveira Guimarães –
6° ano B
6 Jamilly Galdino Magalhães – 6°
ano B
7 Mariana Teles dos Reis – 6° ano
B
8 Samuel Rosa Silveira – 6° ano B
9 Thalita Helen – 6° ano A
10 Sofia de Oliveira Valério – 6°
ano A
11 Anahi Dana – 6° ano C
12 Camila Barros – 6° ano C
12 Camila Barros – 6° ano C
13 Luara de Lima – 6° ano C
Atividades propostas
Faremos pelo menos duas
atividades relacionadas a esse roteiro
1 - Email ou carta para a CPTM cobrando
a atualização do mapa da estação Jaraguá;
2 - Resumo do que foi aprendido
durante o trajeto por parte dos participantes.
A próxima parada do Projeto
Território Jaraguá ocorrerá provavelmente em setembro/outubro, começo da
primavera, no Pico do Jaraguá, importante ponto turístico da cidade de São
Paulo. Obrigados a todos e até breve!
#VAI BRASIL!! |
Comentando sobre as casas que foram removidas para a construção do viaduto |
Morro da Torre - Jardim Bandeirantes |
Senhor do Vale ao fundo |
Lanchinho final!Voltaremos !!#TERRITÓRIO JARAGUÁ! |
[1] O objetivo do projeto Território Jaraguá é de compreender as transformações no espaço geográfico do distrito Jaraguá, através da sua historicidade e conflitos, respeitando a diversidade individual, dos povos e das culturas que no passado e no presente contribuíram e contribuem na formação do Território Jaraguá. Assim sendo, os conceitos de lugar, paisagem e espaço geográfico trabalhados na sala de aula de forma teórica, são desenvolvidos com melhor profundidade no roteiro efetivado na saída pedagógica. Segue abaixo o link do primeiro roteiro:
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